segunda-feira, maio 28, 2007

Yes, I know

Sei de muita coisa que se passa pela madrugada, quando ninguém está olhando. Você acordando suada sem lembrar muito bem o que pesou em sua cabeça. Você só lembra que estava caindo em um buraco e não conseguia encontrar as bordas pra aranhar, até arriscaria suas mão em troca de sua própria vida, mas o lugar era ausência de tudo, inclusive de matéria. Então você acorda suspirando, estica seus braços e segura as bordas de sua cama. Eu sei porque isso acontece. Eu vejo em seus olhos. Eu sei qual é este abismo, é parecido com o que está entre a gente. Algumas palavras ainda estão soando dentro da sua cabeça e o seu orgulho não lhe permite dar atenção a elas. Você prefere afirmar que foi tudo obra do acaso e que aquelas palavras eram apenas de uma visão distorcida das coisas. Você sabe em que contexto elas foram ditas, mas de alguma forma você procura acreditar que não. Talvez você carregue isso pro resto da vida. O mais provável é que isso aconteça. Teve uma vez que você me perguntou se você estava pensando errado, daí eu respondi que a única pessoa que poderia responder isso era você mesma. Eu sabia a resposta, mas não podia te tirar o direito de encontrá-la sozinha. Eu estava disposto a ir contigo até o fim.

Você se acalma. Ainda dentro de seu quarto você escuta barulhos do outro lado da parede que te assustam. O suor que estava por todo o seu corpo, principalmente no pescoço e entre os seios, está esfriando agora. Pelos passos lá fora você reconhece que é uma pessoa querida que levantou pra beber água e veio ver como você estava. Então você sorri e percebe que seus lábios estão mais ressecados que o normal, você passa a sua língua neles para que retornem ao aspecto de doce caramelado. Então você bebe um copo d’água e volta a relaxar. Ainda está meio amedrontada com a escuridão. Reconhece que não está sozinha e ainda existem pessoas que podem te proteger e que estarão contigo mesmo em um buraco muito escuro. Possuem uma ligação muito forte com você. Algumas sabem o caminho e outras não, pois são mais indefesas que você. Mas você nunca precisou tanto delas assim, mas agora você está amedrontada. Já aliviou um pouco, mas ainda é desagradável lembrar dos flashs onde havia coisas te empurrando para aquele buraco. Elas sabiam o seu nome. Passaram um longo período te observando. Estavam esperando a hora certa pra te empurrar.

Eu sei disso. Eu vejo tudo isso. Você errou quando falou que eu estava ficando louco. Não é fácil ver estas coisas e ficar apenas observando. Estaria mais presente se as coisas fossem diferentes, mas acho que insisti mais do que deveria e agora estou cansado. Como você acha que me sinto? Não pense que é fácil ter isso interrompendo o meu sono. Eu não pedi pra que as coisas ficassem como estão. Sei que o que você queria era ficar dançando por aí. Já ouvi algumas pessoas falando que alguns tipos de sentimentos podem se tornar uma prisão pior do que as que possuem grades. Quem criou esta ligação que tenho contigo esqueceu de cortá-la. Eu não sei o que você está pensando agora, só espero que saiba o quanto ainda sinto. Algumas coisas significam tanto que não podemos esconder. Eu quero dar uma volta por aí e escutar músicas legais, ver pessoas inquietas produzindo. Quero sentir a vida delas pulsando. Depois quero voltar pra casa e saber que está tudo bem contigo. Eu quero dormir sabendo que existe um motivo melhor do que os que você me deu para ter escolhido este caminho.

4 comentários:

Luiza C. disse...

Acho que esse é o seu maior problema: saber demais. Sempre achei isso, é uma coisa tão libertadora quanto sufocante. Mas eu nem preciso te dizer isso, sabes muito bem.

obrigada pela força. Será que posso me intitular "uma pessoa inquieta"?

Quanto ao Foda sem zíper acho que tens razão, mas fiquei com medo de roubar a idéia da autora. Afinal não fui eu q inventei isso. A minha intenção não era explicar o meu texto, só dar os créditos do termo à pessoa certa. Entende? Ah, estou aprendendo, aos poucos.

Beijo pai ;D

Fausto Suzuki disse...

O Zab é ladrão.

Fausto Suzuki disse...

Belo texto, Zab.
Mas eu prefiro achar que não é pessoal.
Não quero te ver como... assim.
Mané.

Anônimo disse...

Sentimentos que se transformam em grades são castradores não?!
Eu não me permito mais esse tipo de relação, não até a próxima relação.. não sei.
Eu sempre acabo cedendo..
Não sei...