Eu nunca vou esquecer da maneira como a gente se conheceu. Aquele seu jeito pilhado de ficar dançando. Da forma como você imitava uma criança mimada falando. Do jeito como a sua voz mudava quando queria falar alguma coisa séria. Daquela vez que você esteve em minha casa pra fazermos o planejamento de atividades. E daquela outra em que me ajudastes com aquela sua amiga? Confesso que botei fé em ti pra valer a partir desse momento. Você era tão jovem pra sofrer e muito nova pra achar que não deveria mais viver.
Eu quero buscar e encontrar, na minha memória, uma só atitude que me faça acreditar no que você fez. Agora o seu grito ecoa bem alto dentro da gente. É algo que nem dá pra expressar, mas está no nosso olhar e por isso todos estão vendo que algo murchou. Uma flor deixou de existir nos derradeiros minutos do dia 28. Um disparo. Uma vida. Séculos de evolução. O seu sangue jorrou até onde estávamos. O clima ficou pesado. Era a natureza cobrando pagamento pelo derramamento. A noite acabou pra todos.
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